terça-feira, 24 de novembro de 2015

EXPRESSÕES CURIOSAS DA LÍNGUA PORTUGUESA

Algumas expressões comuns da língua portuguesa foram surgindo ao longo do tempo, muitas de maneira bem curiosa e são usadas ate os dias atuais. Temos algumas abaixo e como surgiram:



MÃO BEIJADA

  • Gratuitamente, sem encargos ou retribuições.
  • Desde o século XV referia-se às doações do Rei, satisfeitas com o simples gesto de beijar a mão, agradecendo.
  • Em documento de 1555, o Papa Paulo IV aludia às benesses das igrejas, sendo mão beijada o termo referente as dádivas generosas depositadas para o esplendor do culto e propagação da fé.

DAR TRELA

  • Conceder atenção, tempo, cabimento, interesse. Também vale conversa, o prosear ocasional. “Encontrei o Silvio e fiquei dando trela”.
  • Em 1530, Antônio Prestes escrevia em Lisboa:
“Quereis dar tréla a madraços”.
Treloso diz-se da criança traquina, turbulenta, bolidora.
Dou-lhe trela as travessuras.

ENTRAR COM O PÉ DIREITO
  • Prenúncio de felicidade, ventura, êxito.
  • Era regular em Roma o aviso aos convidados lembrando a obrigação de pisar com o pé direito a entrada do salão festivo, evitando o agouro.
  • Ruy Barbosa, em discurso de 11 de novembro de 1914 no Senado, vésperas da posse do marechal Hermes as Fonseca: 
“Que o novo Presidente entre nas suas responsabilidades com o pé direito!”.

SANGUE NO OLHO
  • Temperamento impulsivo, arrebatado, brigão, destemido, agressivo, afoito.
  • Dom Pedro I ostentava esses atributos de bravura.
  • A expressão veio de Portugal e ainda é corrente no vocabulário brasileiro.
COMER COM OS OLHOS
  • Ter olho pidão, faminto, insaciável.
  • Quebranto e mau-olhar.
BEBEU ÁGUA DE CHOCALHO
  • A continuidade sonora do chocalho transmitirá ao retardado verbal o domínio da comunicação.
COM UNHAS E DENTES
  • Com todas as forças; não ceder o posto; não renunciar à pretensão.
  • É a batalha entre populares desarmados e no corpo-a-corpo feroz.
  • Reflete a obstinação agressiva.
SEM EIRA NEM BEIRA 
  • A eira é um local ao ar livre onde estendem as colheitas de trigo, milho, centeio.
  • Não ter eira é não ter posse em parte alguma, quanto mais possuir as extremidades, os limites da área, as beiras.
  • Sem eira nem beira é o pobre-miserável.


PAGAR O PATO

  • Satisfazer o que não deve; pagar e não comer; recair no inculpado.
  • Provém do jogo de destreza, antigo e favorito: correr o pato. Frei Manuel calado descreve uma dessas festas, no Recife, 1641: (O valeroso Lucideno, II, 2): “e correndo no fim patos a mão, e a espada”. 
POR UM TRIZ 
  • Por um fio, por um nada, na eminencia da perda e da desgraça.
  • Triz, do grego thrichos, cabelo.
  • Expressão divulgada desde o século V. antes de Cristo.
DOIS BICUDOS NÃO SE BEIJAM
  • Bicudo era o escravo importado clandestinamente da África, também dito o Meia Cara. 
  • Designava os punhais e as facas-de-ponta, estas bicudas, feitas em Pernambuco, em meados do século XIX.
  • Bicudo também era o valentão inseparável da bicuda, sua companheira dos duelos furiosos nas feiras e bodegas. 
Esses bicudos não se beijavam...

É UM TRATANTE!
  • Desonesto, falso, não merecendo crédito.
  • Até finais do século XVIII era o negociante, homem de Tratos, vendendo em grosso e não a varejo.
  • Tratante é unicamente aplicado como injúria, tanto no Brasil, quanto em Portugal.
REFERENCIA: CASCUDO, Luís da Câmara. Locuções tradicionais no Brasil. São Paulo. Global, 2004



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