MÃO BEIJADA
- Gratuitamente, sem encargos ou retribuições.
- Desde o século XV referia-se às doações do Rei, satisfeitas com o simples gesto de beijar a mão, agradecendo.
- Em documento de 1555, o Papa Paulo IV aludia às benesses das igrejas, sendo mão beijada o termo referente as dádivas generosas depositadas para o esplendor do culto e propagação da fé.
DAR TRELA
- Conceder atenção, tempo, cabimento, interesse. Também vale conversa, o prosear ocasional. “Encontrei o Silvio e fiquei dando trela”.
- Em 1530, Antônio Prestes escrevia em Lisboa:
Treloso diz-se da criança traquina, turbulenta, bolidora.
Dou-lhe trela as travessuras.
ENTRAR COM O PÉ DIREITO
- Prenúncio de felicidade, ventura, êxito.
- Era regular em Roma o aviso aos convidados lembrando a obrigação de pisar com o pé direito a entrada do salão festivo, evitando o agouro.
- Ruy Barbosa, em discurso de 11 de novembro de 1914 no Senado, vésperas da posse do marechal Hermes as Fonseca:
“Que o novo Presidente entre nas suas responsabilidades com o pé direito!”.
SANGUE NO OLHO
- Temperamento impulsivo, arrebatado, brigão, destemido, agressivo, afoito.
- Dom Pedro I ostentava esses atributos de bravura.
- A expressão veio de Portugal e ainda é corrente no vocabulário brasileiro.
COMER COM OS OLHOS
- Ter olho pidão, faminto, insaciável.
- Quebranto e mau-olhar.
- A continuidade sonora do chocalho transmitirá ao retardado verbal o domínio da comunicação.
COM UNHAS E DENTES
- Com todas as forças; não ceder o posto; não renunciar à pretensão.
- É a batalha entre populares desarmados e no corpo-a-corpo feroz.
- Reflete a obstinação agressiva.
SEM EIRA NEM BEIRA
- A eira é um local ao ar livre onde estendem as colheitas de trigo, milho, centeio.
- Não ter eira é não ter posse em parte alguma, quanto mais possuir as extremidades, os limites da área, as beiras.
- Sem eira nem beira é o pobre-miserável.
PAGAR O PATO
- Satisfazer o que não deve; pagar e não comer; recair no inculpado.
- Provém do jogo de destreza, antigo e favorito: correr o pato. Frei Manuel calado descreve uma dessas festas, no Recife, 1641: (O valeroso Lucideno, II, 2): “e correndo no fim patos a mão, e a espada”.
POR UM TRIZ
- Por um fio, por um nada, na eminencia da perda e da desgraça.
- Triz, do grego thrichos, cabelo.
- Expressão divulgada desde o século V. antes de Cristo.
DOIS BICUDOS NÃO SE BEIJAM
- Bicudo era o escravo importado clandestinamente da África, também dito o Meia Cara.
- Designava os punhais e as facas-de-ponta, estas bicudas, feitas em Pernambuco, em meados do século XIX.
- Bicudo também era o valentão inseparável da bicuda, sua companheira dos duelos furiosos nas feiras e bodegas.
Esses bicudos não se beijavam...
- Desonesto, falso, não merecendo crédito.
- Até finais do século XVIII era o negociante, homem de Tratos, vendendo em grosso e não a varejo.
- Tratante é unicamente aplicado como injúria, tanto no Brasil, quanto em Portugal.
REFERENCIA: CASCUDO, Luís da Câmara. Locuções tradicionais no Brasil. São Paulo. Global, 2004
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