Almofadinha
Além
do diminutivo de almofada, a palavra passou a designar
pejorativamente o homem que se veste com muito requinte. Esse novo
sentido surgiu em 1919, quando alguns rapazes elegantes e delicados
realizaram, em Petrópolis, cidade do Rio de Janeiro, um concurso
beneficente para premiar o jovem que bordasse e pintasse a mais bela
almofada.
Alqueire
Do
árabe al-kárl, alqueire, originalmente, eram bolsas presas ao dorso
dos animais de carga e que continham grãos. Depois passou a
significar, por analogia, a quantidade de grãos que cabia em cada
bolsa. Era uma medida de capacidade para sólidos e líquidos. Mais
tarde o alqueire se tornaria também uma medida de área. Sendo 1
(um) alqueire o correspondente à área necessária para o plantio da
quantidade de grãos que cabia naquelas bolsas. Hoje, no Brasil,
alqueire é uma unidade de medida de superfície agrária que
equivale a 2,42 há. em São Paulo, “alqueire paulista” ou a 4,84
hectares, (MG e R J), ou o “alqueire do norte”, =
27.225m².
Aquário
e piscina
Aquário veio do latim aquarium (tanque,
reservatório de água, bebedouro para o gado), formado de aqua
(água). Piscina veio do latim piscina (viveiro para peixes), formado
de piscis (peixe) — daí pisciano, quem nasce sob o signo de
Peixes. No português, as duas palavras acabaram ficando com os
sentidos trocados: hoje aquário é um viveiro de peixes e piscina
(que já significou popularmente “reservatório de água para a
criação de peixes”) é um reservatório de água.
Armário
Você
já deve ter questionado se armário não deveria ser um lugar para
guardar armas. Pois já foi, faz muito tempo. A palavra veio do latim
armarium, com esse sentido: lugar onde se guardam armas. Mas ainda no
latim a palavra teve seu sentido ampliado para guarda-louça, cofre,
biblioteca e caixão.
Atualmente, em português, é um móvel
para guardar objetos variados.
Assassino
Do árabe haxaxi =
consumidor de hashish bebida alcoólica extraída das folhas de
cânhamo (canabis sativa), a popular maconha. Eram chamado
“hachachi”, os adeptos de uma seita xiita do século XI, guiada
por Hassan Al-Shabbah, conhecido como o velho da montanha. Na época
das Cruzadas, os hachachis consumiam a erva antes de investirem
sangrentos ataques contra os cristãos. Portanto, de haxaxi =
consumidor de erva, posteriormente, se originou a palavra assassino.
Autópsia
Veio
do grego autopsía: auto (de si mesmo) + opsis (exame). No início, a
palavra tinha esse sentido de exame de si mesmo. Depois ganhou
popularmente o significado indevido de exame médico de um cadáver e
assim ficou em diversos idiomas. A palavra correta para
designar o exame de um cadáver é necropsia, palavra que veio do
grego necro (morte) + opsis (exame).
Barbeiro
O
nome do profissional veio de barba + a terminação designativa de
profissão -eiro (como em padeiro, costureiro). No Brasil e em
Portugal, até as primeiras décadas do século XIX, os barbeiros
também praticavam odontologia e medicina. Chegavam até a fazer
pequenas cirurgias. Não é difícil imaginar o resultado desastroso
produzido por um barbeiro tirando um dente ou fazendo uma punção.
E, assim, também não foi difícil a palavra barbeiro ganhar o
sentido de “indivíduo que não é hábil na sua profissão”.
Daí se formou barbeiragem como sinônimo de incompetência. Com
relação ao barbeiro, o inseto, seu nome popular veio do fato de ele
chupar o sangue da sua vítima quase sempre no rosto, enquanto ela
dorme. O barbeiro, na verdade, não tem nenhuma predileção por
rostos. É que, quando dormirmos, essa parte do corpo se acha sempre
descoberta e à mercê do maldito.
Brigadeiro
A palavra veio de brigada com a terminação -eiro. O
docinho apareceu logo depois da Segunda Guerra Mundial, quando era
grande o racionamento de açúcar, leite e ovos no Brasil. Uma dona
de casa, muito prendada na cozinha, resolveu fazer um doce sem esses
ingredientes e misturou leite condensado com chocolate. Ela mesma
batizou a delícia com o nome de brigadeiro, em homenagem a um homem
que admirava: o brigadeiro Eduardo Gomes, candidato à Presidência
da República nas eleições de 1945 (acabou vencido por um general,
Eurico Dutra). Infelizmente, desconhece-se a identidade da
extraordinária inventora. Ganha um doce quem desvendar o mistério.
Emboscada
Veio
do italiano imboscata, derivado de imboscare (daí o português
emboscar), que significava originariamente esconder animais ou
pessoas num bosque e foi formado de bosco, bosque. Quem faz uma
emboscada esconde-se para atacar de surpresa. Em português,
emboscado também tem o sentido de “escondido no
bosque”.
Expresso
Veio
do latim expressu, espremido, comprimido. Já o café expresso veio
do italiano caffè espresso. Tem esse nome não por ser feito
rapidamente, mas sim porque resulta da compressão de vapor ou água
fervente através de minúsculos grãos de café. A palavra expresso
aplicada a meios de transporte (trens, ônibus...) se originou do
inglês express.
Mão
Veio
do latim manu, mão. E por que as ruas têm mão?
Por
incrível que pareça, o engarrafamento surgiu antes do automóvel.
Em 1847, a movimentação de carruagens, carroças, etc. nas ruas da
cidade do Rio de Janeiro era tão grande que o governo expediu um
edital estabelecendo direção única nas vias mais movimentadas.
Para orientar os condutores dos veículos, foi afixada em cada
esquina uma placa de metal com o desenho de uma mão com o dedo
indicador estendido, apontando a direção do trânsito.
Depois,
no século XX, veio o automóvel e as placas das esquinas passaram a
ter uma seta no lugar do desenho da mão, mas as expressões mão
e contramão já tinham caído para sempre no gosto
popular.
Marmelada
Veio de marmelo + a terminação
-ada (como em bananada, pessegada).
Marmelada
ganhou o sentido de combinação prévia e desonesta do resultado de
um jogo porque é comum o doce, a marmelada, levar chuchu como liga
para enganar o freguês.
Pão-duro
No início do
século XX, transitava no Rio de Janeiro um mendigo apelidado de Pão
Duro, porque vivia pedindo um pedaço de pão duro para comer, pelo
amor de Deus. Quando ele morreu, descobriu-se que era um pequeno
milionário com contas em bancos, imóveis nos subúrbios, etc. Quer
dizer, o homem amava a mendicância.
Paraninfo
Veio
do latim paranymphu, derivado do grego paranýmphos,
formado de para (junto de) + nýmphe (noiva). Na
Grécia e em Roma, era quem protegia o noivo ou a noiva. O paraninfo
(ou a paraninfa) tinha muitas incumbências, entre elas:
(a)
examinar e exibir os sinais de pureza da noiva;
(b) preparar o
casamento e o quarto dos noivos;
(c) dormir no quarto ao lado na
noite nupcial, para prestar pronto socorro no caso de ameaça à
integridade física da noiva;
(d) depois da lua de mel, contornar
eventuais desavenças entre o marido e a mulher.
Posteriormente,
paraninfo ganhou o sentido mais amplo de
protetor.
Rameira
Veio de ramo + a terminação
-eira que designa quem exerce uma atividade (como em
enfermeira, cozinheira).
No Portugal do século XV,
se uma taberna queria mostrar que oferecia mulheres para serviços
sexuais remunerados, pendurava ramos de árvore no lado de fora da
porta. Naquele tempo romântico e ingênuo, era um sinal mais sutil
que pendurar um cartaz anunciando: “Temos
prostitutas”.
Restaurante
Veio do francês
restaurant, restaurador, que no século XVI ficou com o
sentido de que alimento reconstituinte, revigorador das forças.
No
século XVII, restaurant passou a designar um caldo de carne
concentrado, que restaurava o ânimo físico e moral. Por extensão,
o estabelecimento onde se servia esse caldo acabou ficando com o nome
do prato.
Rival
Veio
do latim rivale, derivado de rivu (daí rio).
Rivale para os romanos significava inicialmente o que
vive nas margens de um rio. Depois, por analogia, passou também a
designar aquele que disputa o coração de uma mulher, porque os
primeiros rivais brigavam pelas águas do mesmo rio.
Ainda no
latim, o sentido de rivale se ampliou para “aquele que
disputa algo com outro”.
Salário
Era
a quantidade de sal que se dava como pagamento aos trabalhadores.
Depois ficou sendo o soldo dados às tropas para comprar
sal.
Modernamente, salário passou a significar
ordenado.
Siamês
A palavra significa “relativo ao
Sião (atual Tailândia)”.
De lá vieram o gato siamês e
dois irmãos gêmeos siameses, Chang e Eng, nascidos em 1811. Eram
xifópagos e ganharam fama mundial apresentando-se em circos,
cantando, dançando e fazendo malabarismos. Graças a eles, irmão
siamês ficou mais fácil de falar que xifópago (muita gente diz
erradamente “xipófago”).
Tosco
Veio do latim
tuscu, etrusco. Depois, a palavra ganhou o sentido de
devasso, vil, porque os romanos consideravam uma gentinha
desqualificada os moradores de Vicus Tuscus (bairro
etrusco), o bairro etrusco de Roma.
Tratante
Se
quem estuda é estudante, quem fuma é fumante e quem
assalta é assaltante, quem trata é tratante.
De
fato esse foi o sentido inicial da palavra. Era a pessoa que tratava
dos negócios de gente nobre e rica. Era um representante comercial e
financeiro.
Como as duas pontas dos negócios não se falavam, o
tratante começou a tratar mais de si mesmo, aumentando seu ganho nas
intermediações sem que seu representado soubesse. E, assim, o
tratante ganhou fama de desonesto e ficou com o sentido atual de
pilantra, trapaceiro.
Vilão
Veio do latim villanu,
habitante de vila ou de casa de campo.
Em português, vilão
tinha inicialmente só esse mesmo sentido. Depois, por oposição ao
aristocrata e ao homem da cidade, vilão ficou sinônimo de
plebeu. Finalmente, pela condição rústica do morador do campo e
talvez por influência da palavra vil, ganhou o significado de
“canalha”.
Fonte: http://herminio-bezerra.blogspot.com.br/2010/07/palavras-que-mudaram-de-sentido.html
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