terça-feira, 24 de novembro de 2015

Palavras que mudaram de significado no decorrer do tempo



Almofadinha

Além do diminutivo de almofada, a palavra passou a designar pejorativamente o homem que se veste com muito requinte. Esse novo sentido surgiu em 1919, quando alguns rapazes elegantes e delicados realizaram, em Petrópolis, cidade do Rio de Janeiro, um concurso beneficente para premiar o jovem que bordasse e pintasse a mais bela almofada.
Alqueire

Do árabe al-kárl, alqueire, originalmente, eram bolsas presas ao dorso dos animais de carga e que continham grãos. Depois passou a significar, por analogia, a quantidade de grãos que cabia em cada bolsa. Era uma medida de capacidade para sólidos e líquidos. Mais tarde o alqueire se tornaria também uma medida de área. Sendo 1 (um) alqueire o correspondente à área necessária para o plantio da quantidade de grãos que cabia naquelas bolsas. Hoje, no Brasil, alqueire é uma unidade de medida de superfície agrária que equivale a 2,42 há. em São Paulo, “alqueire paulista” ou a 4,84 hectares, (MG e R J), ou o “alqueire do norte”, = 27.225m².




Aquário e piscina
Aquário veio do latim aquarium (tanque, reservatório de água, bebedouro para o gado), formado de aqua (água). Piscina veio do latim piscina (viveiro para peixes), formado de piscis (peixe) — daí pisciano, quem nasce sob o signo de Peixes. No português, as duas palavras acabaram ficando com os sentidos trocados: hoje aquário é um viveiro de peixes e piscina (que já significou popularmente “reservatório de água para a criação de peixes”) é um reservatório de água.

Armário

Você já deve ter questionado se armário não deveria ser um lugar para guardar armas. Pois já foi, faz muito tempo. A palavra veio do latim armarium, com esse sentido: lugar onde se guardam armas. Mas ainda no latim a palavra teve seu sentido ampliado para guarda-louça, cofre, biblioteca e caixão. 
Atualmente, em português, é um móvel para guardar objetos variados.

Assassino
Do árabe haxaxi = consumidor de hashish bebida alcoólica extraída das folhas de cânhamo (canabis sativa), a popular maconha. Eram chamado “hachachi”, os adeptos de uma seita xiita do século XI, guiada por Hassan Al-Shabbah, conhecido como o velho da montanha. Na época das Cruzadas, os hachachis consumiam a erva antes de investirem sangrentos ataques contra os cristãos. Portanto, de haxaxi = consumidor de erva, posteriormente, se originou a palavra assassino.

Autópsia

Veio do grego autopsía: auto (de si mesmo) + opsis (exame). No início, a palavra tinha esse sentido de exame de si mesmo. Depois ganhou popularmente o significado indevido de exame médico de um cadáver e assim ficou em diversos idiomas.  A palavra correta para designar o exame de um cadáver é necropsia, palavra que veio do grego necro (morte) + opsis (exame).

Barbeiro

O nome do profissional veio de barba + a terminação designativa de profissão -eiro (como em padeiro, costureiro). No Brasil e em Portugal, até as primeiras décadas do século XIX, os barbeiros também praticavam odontologia e medicina. Chegavam até a fazer pequenas cirurgias. Não é difícil imaginar o resultado desastroso produzido por um barbeiro tirando um dente ou fazendo uma punção. E, assim, também não foi difícil a palavra barbeiro ganhar o sentido de  “indivíduo que não é hábil na sua profissão”. Daí se formou barbeiragem como sinônimo de incompetência. Com relação ao barbeiro, o inseto, seu nome popular veio do fato de ele chupar o sangue da sua vítima quase sempre no rosto, enquanto ela dorme. O barbeiro, na verdade, não tem nenhuma predileção por rostos. É que, quando dormirmos, essa parte do corpo se acha sempre descoberta e à mercê do maldito.

Brigadeiro

A palavra veio de brigada com a terminação -eiro.  O docinho apareceu logo depois da Segunda Guerra Mundial, quando era grande o racionamento de açúcar, leite e ovos no Brasil. Uma dona de casa, muito prendada na cozinha, resolveu fazer um doce sem esses ingredientes e misturou leite condensado com chocolate. Ela mesma batizou a delícia com o nome de brigadeiro, em homenagem a um homem que admirava: o brigadeiro Eduardo Gomes, candidato à Presidência da República nas eleições de 1945 (acabou vencido por um general, Eurico Dutra). Infelizmente, desconhece-se a identidade da extraordinária inventora. Ganha um doce quem desvendar o mistério.

Emboscada

Veio do italiano imboscata, derivado de imboscare (daí o português emboscar), que significava originariamente esconder animais ou pessoas num bosque e foi formado de bosco, bosque. Quem faz uma emboscada esconde-se para atacar de surpresa. Em português, emboscado também tem o sentido de “escondido no bosque”.

Expresso
Veio do latim expressu, espremido, comprimido. Já o café expresso veio do italiano caffè espresso. Tem esse nome não por ser feito rapidamente, mas sim porque resulta da compressão de vapor ou água fervente através de minúsculos grãos de café. A palavra expresso aplicada a meios de transporte (trens, ônibus...) se originou do inglês express. 

Mão

Veio do latim manu, mão. E por que as ruas têm mão?
Por incrível que pareça, o engarrafamento surgiu antes do automóvel. Em 1847, a movimentação de carruagens, carroças, etc. nas ruas da cidade do Rio de Janeiro era tão grande que o governo expediu um edital estabelecendo direção única nas vias mais movimentadas. Para orientar os condutores dos veículos, foi afixada em cada esquina uma placa de metal com o desenho de uma mão com o dedo indicador estendido, apontando a direção do trânsito. 
Depois, no século XX, veio o automóvel e as placas das esquinas passaram a ter uma seta no lugar do desenho da mão, mas as expressões mão e contramão já tinham caído para sempre no gosto popular.

Marmelada
Veio de marmelo + a terminação -ada (como em bananada, pessegada). 
Marmelada ganhou o sentido de combinação prévia e desonesta do resultado de um jogo porque é comum o doce, a marmelada, levar chuchu como liga para enganar o freguês.

Pão-duro
No início do século XX, transitava no Rio de Janeiro um mendigo apelidado de Pão Duro, porque vivia pedindo um pedaço de pão duro para comer, pelo amor de Deus. Quando ele morreu, descobriu-se que era um pequeno milionário com contas em bancos, imóveis nos subúrbios, etc. Quer dizer, o homem amava a mendicância.

Paraninfo
Veio do latim paranymphu, derivado do grego paranýmphos, formado de para (junto de) + nýmphe (noiva). Na Grécia e em Roma, era quem protegia o noivo ou a noiva. O paraninfo (ou a paraninfa) tinha muitas incumbências, entre elas: 
(a) examinar e exibir os sinais de pureza da noiva;
(b) preparar o casamento e o quarto dos noivos; 
(c) dormir no quarto ao lado na noite nupcial, para prestar pronto socorro no caso de ameaça à integridade física da noiva;
(d) depois da lua de mel, contornar eventuais desavenças entre o marido e a mulher.
Posteriormente, paraninfo ganhou o sentido mais amplo de protetor.

Rameira
Veio de ramo + a terminação -eira que designa quem exerce uma atividade (como em enfermeira, cozinheira).
No Portugal do século XV, se uma taberna queria mostrar que oferecia mulheres para serviços sexuais remunerados, pendurava ramos de árvore no lado de fora da porta. Naquele tempo romântico e ingênuo, era um sinal mais sutil que pendurar um cartaz anunciando: “Temos prostitutas”.

Restaurante
Veio do francês restaurant, restaurador, que no século XVI ficou com o sentido de que alimento reconstituinte, revigorador das forças.
No século XVII, restaurant passou a designar um caldo de carne concentrado, que restaurava o ânimo físico e moral. Por extensão, o estabelecimento onde se servia esse caldo acabou ficando com o nome do prato.



Rival
Veio do latim rivale, derivado de rivu (daí rio). 
Rivale para os romanos significava inicialmente o que vive nas margens de um rio. Depois, por analogia, passou também a designar aquele que disputa o coração de uma mulher, porque os primeiros rivais brigavam pelas águas do mesmo rio.
Ainda no latim, o sentido de rivale se ampliou para “aquele que disputa algo com outro”.

Salário

Era a quantidade de sal que se dava como pagamento aos trabalhadores. Depois ficou sendo o soldo dados às tropas para comprar sal.

Modernamente, salário passou a significar ordenado.

Siamês
A palavra significa “relativo ao Sião (atual Tailândia)”.
De lá vieram o gato siamês e dois irmãos gêmeos siameses, Chang e Eng, nascidos em 1811. Eram xifópagos e ganharam fama mundial apresentando-se em circos, cantando, dançando e fazendo malabarismos. Graças a eles, irmão siamês ficou mais fácil de falar que xifópago (muita gente diz erradamente “xipófago”).

Tosco
Veio do latim tuscu, etrusco. Depois, a palavra ganhou o sentido de devasso, vil, porque os romanos consideravam uma gentinha desqualificada os moradores de Vicus Tuscus (bairro etrusco), o bairro etrusco de Roma.

Tratante

Se quem estuda é estudante, quem fuma é fumante e quem assalta é assaltante, quem trata é tratante.
De fato esse foi o sentido inicial da palavra. Era a pessoa que tratava dos negócios de gente nobre e rica. Era um representante comercial e financeiro.
Como as duas pontas dos negócios não se falavam, o tratante começou a tratar mais de si mesmo, aumentando seu ganho nas intermediações sem que seu representado soubesse. E, assim, o tratante ganhou fama de desonesto e ficou com o sentido atual de pilantra, trapaceiro. 

Vilão
Veio do latim villanu, habitante de vila ou de casa de campo.
Em português, vilão tinha inicialmente só esse mesmo sentido. Depois, por oposição ao aristocrata e ao homem da cidade, vilão ficou sinônimo de plebeu. Finalmente, pela condição rústica do morador do campo e talvez por influência da palavra vil, ganhou o significado de “canalha”.

Fonte: http://herminio-bezerra.blogspot.com.br/2010/07/palavras-que-mudaram-de-sentido.html

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